A Mãe do Capitão Shigemoto e O Cortador de Canas - Junichiro Tanizaki - Relógio D'Água
São duas novelas desse monstro até há pouco desconhecido entre nós das letras nipónicas. Ambas as histórias refletem o fascínio que Tanizaki nunca escondeu sobre o passado dourado do Japão e a vida de corte. A primeira novela, para mim a melhor, é um brilhante estudo psicológico de um evento dramático do passado que afecta e condiciona o futuro de vários personagens.
Infelizmente, e mais uma vez, tenho de chamar a atenção para a tradução que em si não é má mas segue, infelizmente uma outra tradução pouco feliz. A tradução portuguesa procura tapar algumas pontas soltas deixadas pela tradução da qual partiu e assim perde-se duplamente. Ainda assim um grande-pequeno livro.
História do Jazz - José Duarte - Sextante
É a primeira em Portugal feita de raíz entre nós (e por quem). O livro em si e como objecto é lindíssimo mas a obra em si é um documento imprescindível. Vale, realmente, a pena conhecer estas histórias do jazz que são sempre iguais. E, de facto, enquanto lemos é como se ouvíssemos a voz de José Duarte.
O único defeito do livro fica claro: deveria ser maior, eterno.
Caderno Afegão - Alexandra Lucas Coelho - Tinta da China
Conheci a Alexandra já há alguns anos, ela chegou mesmo a apresentar o livro «A voz secreta das mulheres afegãs» de Said Bahodine Majrouh com a brilhante tradução de Ana Hatherly. Nessa apresentação, numa FNAC, já Alexandra Lucas Coelho deixava antever o fascínio tremendo que as suas visitas ao território tinham gravado. Já contava histórias que mereciam estar em livro. Apenas estranhei como demorou tanto tempo. Espero que seja o primeiro de muitos porque acho que a Alexandra tem mesmo talento para a escrita. Um dia gostaria de estar numa editora e desafiá-la para escrever um romance.
NOTAS aos livros do ano:
Agora que estamos no fim, volto ao princípio, quando mencionei que esta lista tinha um conjunto de condicionantes. Essas condicionantes são claras: não li nem "esmiuçei" muitos dos livros publicados este ano - e recuso-me a falar de livros por aproximação e estimativa (ou sequer por fama, senão teria recomendado o Bolaño); noutros casos, por motivos profissionais, não vou abordar - não faria sentido estar a falar de livros da Cavalo de Ferro que estão ainda a sair mas cuja decisão foi, também, minha - e assim sucederá também ao longo do próximo ano. Ficaram também alguns livros ainda por ler mas para os quais não houve tempo.
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