Os livros que eu gostaria de ter publicado em 2009 mas foram publicados por outros - (1)


A servidão humana - W. Somerset Maugham - Asa

É um daqueles autores que não consigo evitar. Maugham representante de um mundo em mutação, vogando pelos últimos espaços do mundo que ainda havia para descobrir e descobrindo que o ser humano é o mesmo em todo o lado. Khushwant Singh, que eu publiquei na na Cavalo de Ferro, dizia de Somerset Maugham: "He has nothing to say, yet he says it beautifully." Tenho de concordar, estamos perante o grande mestre da arte de introduzir o leitor na narrativa, de transformar o banal numa aventura da curiosidade humana.

Maugham devia ser totalmente reaproveitado e reapresentado ao público de hoje - é daqueles escritores que, pelo exemplo, transmitem o que de bom e mau há no ser humano de forma didática.

(Claro que com Maugham, se conseguirem ler em inglês tanto melhor, caso contrário ignorem pura e simplesmente a capa.)


Os Cantos de Maldoror - Isidore Ducasse, Conde de Lautréamont - Antígona

Apesar de haver já uma edição portuguesa, aparentemente ainda disponível segundo algumas livrarias online e com uma tradução de respeito de Pedro Tamen,deve haver motivos para nova tradução de um texto fundamental da literatura europeia.

Maldoror é o mal, nosso narrador neste conjunto de cantos sobre a decadência do Homem, o seu caminho para o fim, para a condenação eterna.

Ducasse criou o ultra-gótico da mesma forma que Miller criou o ultra-erótico. Assim ambos passam para lá do que esses géneros significam, esvaziando o género literário e conferindo-lhe algo mais.



O mundo branco do rapaz-coelho - Possidónio Cachapa - Quetzal

Sabe-se que a nossa época não é uma época de originalidade mas de reinterpretação, reciclagem e re-montagem. Possídónio Cachapa regressa aos escaparates com um grande livro cheio de influências diversas e mantendo a aproximação ao mundo quase-surreal de Murakami que a sua escrita tem tido em tempos recentes. Contudo não é a única influência, estão lá os rapazes coelho do cinema (Donnie Darko, Gummo, Stanley), os mundos do fim do mundo de Miyazaki, e algo de indelevelmente português no sentimento, para além de muitas outras coisas.

(cont.)

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