O grande Nelson Rodrigues é que sabe

«Falei da ascensão do idiota. No passado, eram os "melhores" que faziam os usos, os costumes, os valores, as ideias, os sentimentos, etc. etc. Perguntará alguém - "E que fazia o idiota?". Resposta: - fazia filhos (...) E, de repente, tudo mudou. Após milénios de passividade abjeta, o idiota descobriu a própria superioridade numérica. Começaram a aparecer as multidões jamais concebidas. Eram eles, os idiotas. Os "melhores" se juntavam em pequenas minorias acuadas, batidas, apavoradas. O imbecial, que falava baixinho, ergueu a voz; ele, que apenas fazia filhos, começou a pensar. Pela primeira vez, o idiota é artista plástico, é sociólogo, é cientista, é romancista, é prémio Nobel, é dramaturgo, é professor, é sacerdote. Aprende, sabe, ensina. No presente mundo, ninguém faz nada, ninguém é nada, sem o apoio dos cretinos de ambos os sexos. Sem esse apoio, o sujeito não existe, simplesmente não existe. E, para sobreviver, o intelectual, o santo ou herói precisa imitar o idiota. O próprio líder deixou de ser uma selecção. Hoje, os cretinos preferem a liderança de outro cretino.» Crónicas de Nelson Rodrigues

2 comentários:

José Roldão disse...

Nelson Rodrigues continua atualíssimo ao falar do Brasil.

Parabéns pelo blog. Linkei-o nos meus dois blogs.

Catarina Barros disse...

este texto deu uma guerra: http://atrama.blogspot.com/2009/12/os-idiotas.html

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