Era uma vez... uma história sem qualquer semelhança com o mundo livreiro português.

Era uma vez um país pequenino, à beira-mar plantado. Nesse país grassavam várias crises, uma económica de grande escala e várias crises em diversos sectores da indústria. Num dos sectores, o dos produtores de almofarizes, a situação era grave. Havia demasiados produtores e mesmo demasiadas lojas que vendiam almofarizes apesar de muito poucos - e cada vez menos - os comprarem.

Ora um dia o mercado ficou estarrecido porque apareceram dois grandes grupos que de um momento para o outro dominaram o mercado. Um dos grupos criou grandes lojas onde vendia, entre outros, os seus almofarizes eléctricos. O outro grupo criou outras lojas semelhantes.

Ora as pequenas lojinhas independentes tentaram, em primeiro lugar, vender os almofarizes eléctricos juntamente com os tradicionais. Outras ainda preferiram por logo de parte os almofarizes tradicionais e vender apenas os novos e brilhantes almofarizes eléctricos.

Mas os grandes grupos esmagavam pela capacidadede promoção, marketing e omnipesença. Assim, as pequenas lojas independentes pensaram em criar uma associação mas como lhes custava mais ver o vizinho de rua que sempre tinham invejado, a prosperar - isto nalguns casos, noutros foi só a falta de iniciativa - a ideia ficou em águas de bacalhau.

Os grandes grupos continuavam a crescer e começou a falar-se que um dos grupos tencionava comprar uma enorme cadeia de lojas e assim dominar boa parte do mercado de vendas.

As pequenas lojas, ao invés de compreenderem que, juntas, poderiam constituir um cliente preferencial para todo o mercado e garantir condições de compra em grandes quantidades dos almofarizes, usarem o seu serviço especializado para a fidelização de clientes ao contrário do serviço impessoal das lojas dos grandes grupos mantinham os seus horizontes de perspectiva formados pela crise que os assolava há anos. E assim em vez de surgirem como um colosso que até na aquisição dos almofarizes produzidos pelos grandes grupos, que podiam dominar o mercado com o mais amplo serviço de encomendas, permaneceram um conjunto de formigas lamurientas.

Pois aconteceu que um cérebro brilhante surgido no grupo rival àquele que ia comprar a grande cadeia de lojas, desenvolveu uma estratégia de génio: iria tirar partido da limitação de visão das pequenas lojas independentes e, gastanto muito menos dinheiro dominaria o mercado.

O que começou a desenvolver foram protocolos com as lojas independentes de renome e pequenos grupos lojistas, ajudava-os financeiramente em troca de exposição quase total para os seus produtos e, claro, fazendo com que nessas lojas praticamente desaparecessem os almofarizes do grupo rival.Em dois ou três anos uma boa parte das melhores lojas independentes estava sob o domínio desse grupo e perceberam que se por acaso quisessem sair não tinham outra hipótese senão pagar - e muito - ao grupo e provavelmente faliriam, altura em que o grupo os compraria por quase nada como principal credor.

Nessa altura, num país quase sem lojas de almofarizes independentes os vendedores que tinham caído na estratégia olharam com espanto para o grupo que os apanhou na sua fraqueza, na sua incapacidade de se unirem e de criarem o seu futuro. Olharam para a sua preguiça e choraram...

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