Blogue de luto
0 comentários domingo, 24 de julho de 2011O Público informa-me que morreu a Maria Lúcia Lepecki. Aqui está uma grande perda. Mais do que tudo o que dizem da Maria Lúcia, grande escritora e ensaísta, foi uma Grande Professora e sobretudo uma das últimas grandes comunicadoras da Universidade portuguesa.
Dentro do departamento de românicas e da FLUL era a única professora que parecia respirar fora daquele ambiente de intriguistas e de invejosos. Parecia ser a única pessoa a divisar que havia um mundo fora daquele e era isso mesmo que transmitia aos alunos. Que também fora do modelo de ensino ultrapassado em que o aluno não tinha espaço para dar as suas opiniões e apenas poderia limitar-se a citar e os autores autorizados pelo professor da maneira como este os citava, tudo podia ser feito de outra forma com a Maria Lúcia. Lembro-me, e ainda noutro dia falava disso, que apresentei um trabalho, uma leitura comparada da «Leviana» do António Ferro e de «O amor é fodido» do MEC.
Foi a Maria Lúcia quem me fez descobrir a grandeza do Camilo, quem não se atrevia a dizer bem do Saramago ou do Lobo Antunes, por aquilo que tinham de bom ou diferente.
Mas mais que tudo a Maria Lúcia ensinou quem a queria ouvir a viver plenamente. A acordar para a grandeza do mundo e pequenez da nossa mesquinhez lusa (e fê-lo sem criticar seja o que for).
Ela ensinava as pessoas a terem curiosidade e seguirem essa mesma curiosidade; ela mostrava o que era amar a literatura portuguesa como poucos portugueses conseguem.
A Maria Lúcia foi uma pessoa feliz - apenas sofria com o afastamento dos netos. Foi um grande Ser Humano. Em tudo o que lhe conheci, estava acima.
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Dentro do departamento de românicas e da FLUL era a única professora que parecia respirar fora daquele ambiente de intriguistas e de invejosos. Parecia ser a única pessoa a divisar que havia um mundo fora daquele e era isso mesmo que transmitia aos alunos. Que também fora do modelo de ensino ultrapassado em que o aluno não tinha espaço para dar as suas opiniões e apenas poderia limitar-se a citar e os autores autorizados pelo professor da maneira como este os citava, tudo podia ser feito de outra forma com a Maria Lúcia. Lembro-me, e ainda noutro dia falava disso, que apresentei um trabalho, uma leitura comparada da «Leviana» do António Ferro e de «O amor é fodido» do MEC.
Foi a Maria Lúcia quem me fez descobrir a grandeza do Camilo, quem não se atrevia a dizer bem do Saramago ou do Lobo Antunes, por aquilo que tinham de bom ou diferente.
Mas mais que tudo a Maria Lúcia ensinou quem a queria ouvir a viver plenamente. A acordar para a grandeza do mundo e pequenez da nossa mesquinhez lusa (e fê-lo sem criticar seja o que for).
Ela ensinava as pessoas a terem curiosidade e seguirem essa mesma curiosidade; ela mostrava o que era amar a literatura portuguesa como poucos portugueses conseguem.
A Maria Lúcia foi uma pessoa feliz - apenas sofria com o afastamento dos netos. Foi um grande Ser Humano. Em tudo o que lhe conheci, estava acima.
O fim da edição de livros em Portugal?
9 comentários segunda-feira, 18 de julho de 2011A crise chegou e as editoras estão em pânico. As curtíssimas margens de lucro num negócio que pouco tinha de negócio desapareceram num espaço ainda mais curto de tempo. As livrarias não pagam, os leitores não compram. E vai piorar.As pequenas e médias editoras ou têm fundo de maneio que lhes permita aguentar a crise ou vão fechar portas (conheço muito poucas que tenham essa almofada de segurança). O mesmo vai passar-se com as pequenas e médias livrarias.
No que toca às grandes editoras, as soluções dos gestores passam por baixar preços e fazer grandes saldos, medidas inevitáveis para a sobrevivência no momento mas de consequências desastrosas no futuro. Se e quando a crise começar a passar, os alguns anos de preços da chuva, "packs" e saldos vão condicionar os leitores sobreviventes relativamente a preços mais 'verdadeiros'.
Dessa forma quem, apesar da crise, compra ainda livros vai, nos próximos tempos, matar a fome com preços que nunca sonhou. E depois? Haverá ainda espaço e tempo para os novos livros a preços superiores? Esta pergunta será válida para as editoras grandes como para as grandes cadeiras livreiras.
Claro que a crise tem as suas vantagens. A adequação da realidade do output editorial à capacidade de absorção do mercado. Mas se essas realidades estão ambas sob a sombra negrta da crise, como sobreviver?
Caber-me-ia agora indicar que é nestas alturas que se deveria apostar nas linhas de qualidade e na edição com rigor, critério e cuidados especiais. Que vai ser esse tipo de edição que vai garantir o futuro na altura das mudanças que se avizinham. Mas nem os gestores compreendem isso (nunca o compreenderam aliás) nem conseguem perspectivar qualquer opção estratégica que não resulte em retorno imediato - porque a edição em Portugal, dadas as suas margens, não foi nunca pensada num prisma de médio/longo prazo (salvo em casos pontuais).
Não devemos escamotear a verdade: o sector vai ficar moribundo. Vão fechar editoras, distribuidoras, livrarias e mesmo gráficas. Muitas. A maior parte. Vão ficar sem trabalho editores, livreiros, comerciais, tradutores, revisores, técnicos diversos das mais diversas áreas ligadas à edição de livros e sua produção.
Mas se a crise é a principal culpada não podemos também ignorar que a situação acontece pela realidade de um país sem hábitos de leitura, um país onde os agentes da área da edição nunca se uniram em campanhas efectivas de desenvolvimento e angariação de novos leitores. Nunca houve acções integradas e continuadas de impacto nessa área porque a cultura é um bem (muito) acessório. Um país onde, apesar das qualidades notáveis que os portugueses possuem, nunca se tirou delas partido, com um sistema de ensino medíocre que trabalha para a medianização e não para a excelência; um país que nunca soube reconhecer os seus maiores valores e os perde constantemente para o exterior. Um país onde é mais fácil criticar quem se distingue do que valorizar.
Neste quadro não podemos ter esperança no sector editorial e os investimentos nas novas tecnologias do livro, com os valores que implicam, parecem ainda mais incongruentes.
Gostaria muito de estar errado mas fica o aviso: comecem a preparar-se para encomendar livros do Brasil.
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No que toca às grandes editoras, as soluções dos gestores passam por baixar preços e fazer grandes saldos, medidas inevitáveis para a sobrevivência no momento mas de consequências desastrosas no futuro. Se e quando a crise começar a passar, os alguns anos de preços da chuva, "packs" e saldos vão condicionar os leitores sobreviventes relativamente a preços mais 'verdadeiros'.
Dessa forma quem, apesar da crise, compra ainda livros vai, nos próximos tempos, matar a fome com preços que nunca sonhou. E depois? Haverá ainda espaço e tempo para os novos livros a preços superiores? Esta pergunta será válida para as editoras grandes como para as grandes cadeiras livreiras.
Claro que a crise tem as suas vantagens. A adequação da realidade do output editorial à capacidade de absorção do mercado. Mas se essas realidades estão ambas sob a sombra negrta da crise, como sobreviver?
Caber-me-ia agora indicar que é nestas alturas que se deveria apostar nas linhas de qualidade e na edição com rigor, critério e cuidados especiais. Que vai ser esse tipo de edição que vai garantir o futuro na altura das mudanças que se avizinham. Mas nem os gestores compreendem isso (nunca o compreenderam aliás) nem conseguem perspectivar qualquer opção estratégica que não resulte em retorno imediato - porque a edição em Portugal, dadas as suas margens, não foi nunca pensada num prisma de médio/longo prazo (salvo em casos pontuais).
Não devemos escamotear a verdade: o sector vai ficar moribundo. Vão fechar editoras, distribuidoras, livrarias e mesmo gráficas. Muitas. A maior parte. Vão ficar sem trabalho editores, livreiros, comerciais, tradutores, revisores, técnicos diversos das mais diversas áreas ligadas à edição de livros e sua produção.
Mas se a crise é a principal culpada não podemos também ignorar que a situação acontece pela realidade de um país sem hábitos de leitura, um país onde os agentes da área da edição nunca se uniram em campanhas efectivas de desenvolvimento e angariação de novos leitores. Nunca houve acções integradas e continuadas de impacto nessa área porque a cultura é um bem (muito) acessório. Um país onde, apesar das qualidades notáveis que os portugueses possuem, nunca se tirou delas partido, com um sistema de ensino medíocre que trabalha para a medianização e não para a excelência; um país que nunca soube reconhecer os seus maiores valores e os perde constantemente para o exterior. Um país onde é mais fácil criticar quem se distingue do que valorizar.
Neste quadro não podemos ter esperança no sector editorial e os investimentos nas novas tecnologias do livro, com os valores que implicam, parecem ainda mais incongruentes.
Gostaria muito de estar errado mas fica o aviso: comecem a preparar-se para encomendar livros do Brasil.
Os consagrados da Ulisseia
4 comentários quinta-feira, 7 de julho de 2011Uma das apostas da Ulisseia é, como já mencionei diversas vezes, a construção de um catálogo de ficção de referência. Aliás é a sua principal aposta.
Isso implica construir um catálogo com base dos modernos cânones da literatura mas, ao mesmo tempo, incluir clássicos e clássicos modernos e implica, no meu entender, conhecer os cânones literários que também são - ou vão sendo - desconhecidos em Portugal.
Daí que, antes de falar dos consagrados que certamente conhecem, quero falar sobre a última novidade da Ulisseia que dificilmente conhecerão.
Tarjei Vesaas, o autor, foi por três vezes candidato ao Nobel, venceu o prémio do Conselho Nórdico e é unanimemente reconhecido nos países escandinavos como o autor norueguês mais importante ó século XX ao lado de Hamsun.
A escrita de Vesaas é cristalina e aparentemente muito simples. Debaixo dessa superfície de simplicidade para uma floresta de significações que fazem de histórias simples, lições de narrativa e de vida.
Este livro será aquilo que os ingleses chamam o coming-of-age novel e os alemães buildungroman, um romance curto - os romances de Vesaas raramente ultrapassam as 200 e poucas páginas - que se desenrola ao longo de uma noite de Primavera, daquelas noites em que, pelas paragens mais frias do Norte europeu, a neve começa a derreter mesmo quando por vezes ainda cai. Dois irmãos - Sissel de 16 anos e o seu irmão mais novo Hallstein - ficam sozinhos por uma noite na ausência dos pais, na casa da quinta onde habitam. Ao começo da noite um co«njunto de estranhos estranhos (perdoem-me a repetição) bate-lhes à porta.
Aquilo que era para ser uma noite tranquila e controlada é de imediato tomada de assalto por uma enorme tensão. Com o carro avariado, entram na casa uma mãe em trabalho de parto, um pai quase histérico, um padrinho acriançado, uma madrinha paralítica mas que talvez não o seja e uma estranha rapariga com a qual, apesar de nunca se terem cruzado, Hallstein tem sonhado nos últimos tempos.
De manhã tudo terá mudado e a adolescência também terá partido durante a noite.
A força da escrita de Vesaas é assombrosa. Quando primeiro li este autor disse para mim que tinha de o publicar. É como um Murakami nórdico sem o ser bem. Dêem-me depois as vossas opiniões.
Quanto ao Pavese que esteve desaparecido do mercado durante anos aparecendo apenas de forma pontual aqui e ali em edições sem continuidade, é um dos mais importantes nomes da literatura europeia da primeira metade do século XX.
É o escritor do modernismo das sensações, da indefinição do sentimento. Apresentando sempre estas temáticas numa lógica de romance quase clássico.
É nossa intenção publicar as obras de Pavese ao ritmo de 1 a 2 títulos por ano e devolver-lhe o seu merecido lugar entre os grandes nomes da literatura.
Um dos meus problemas com Golding, prémio Nobel da literatura e vencedor do Booker, é a sempre difícil relação que o leitor tem com os personagens. Há uma frieza que marca a distância entre os dois níveis e que, apesar da qualidade da escrita e da originalidade dos enredos, nos mantém claramente na posição que o autor pretende que tenhamos: observadores imparciais.
Este livro não é assim. Provavelmente também porque será a obra mais autobriográfica de Golding.
A história é divertida e pisca a vários passos o olho ao leitor. Arrasta-o para si e para os personagens daquela pequena aldeia do interior rural de Inglaterra onde o jovem narrador quer viver o seu sonho de se tornar "artista", coisa inaudita e que acarreta significações não muito abonatórias para si.
Um livro sobre a coragem de assumir a diferença num meio que não a aceita e a julga através de preconceitos equívocos e equivocados.
Divertido e comovente e, sobretudo, importante.
Heinrich Böll é um pouco (ou muito) como aqueles cientista comportamentais que pegam em vários seres vivos de uma comunidade e os colocam em situações e realidades diferentes e estranhas para ver como se comportam e se se adaptam.
A temática central da obra de Böll foi sempre essa: como se comportam os seres humanos face a situações extremas.
À lupa do microscópio-pena do autor desenrola-se, neste romance, a vida de uma família da alta burguesia alemã que procura refazer a sua vida num cenário de completa destruição do pós guerra.
Quem pense que estamos perante um romance sério e duro sobre condições extremas, desengane-se. Este livro é uma deliciosa comédia de aparências que joga de uma forma moderna com um tema tão pós-moderno como é a identidade e a sua diferença da imagem.
Daqueles livros que são irrepreensivelmente bem escritos, provocam muitas gargalhadas nos momentos certos e nos obrigam e pensar muito sobre certas coisas.
O autor também ganhou o Nobel.
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Isso implica construir um catálogo com base dos modernos cânones da literatura mas, ao mesmo tempo, incluir clássicos e clássicos modernos e implica, no meu entender, conhecer os cânones literários que também são - ou vão sendo - desconhecidos em Portugal.
Daí que, antes de falar dos consagrados que certamente conhecem, quero falar sobre a última novidade da Ulisseia que dificilmente conhecerão.
Tarjei Vesaas, o autor, foi por três vezes candidato ao Nobel, venceu o prémio do Conselho Nórdico e é unanimemente reconhecido nos países escandinavos como o autor norueguês mais importante ó século XX ao lado de Hamsun.
A escrita de Vesaas é cristalina e aparentemente muito simples. Debaixo dessa superfície de simplicidade para uma floresta de significações que fazem de histórias simples, lições de narrativa e de vida.
Este livro será aquilo que os ingleses chamam o coming-of-age novel e os alemães buildungroman, um romance curto - os romances de Vesaas raramente ultrapassam as 200 e poucas páginas - que se desenrola ao longo de uma noite de Primavera, daquelas noites em que, pelas paragens mais frias do Norte europeu, a neve começa a derreter mesmo quando por vezes ainda cai. Dois irmãos - Sissel de 16 anos e o seu irmão mais novo Hallstein - ficam sozinhos por uma noite na ausência dos pais, na casa da quinta onde habitam. Ao começo da noite um co«njunto de estranhos estranhos (perdoem-me a repetição) bate-lhes à porta.
Aquilo que era para ser uma noite tranquila e controlada é de imediato tomada de assalto por uma enorme tensão. Com o carro avariado, entram na casa uma mãe em trabalho de parto, um pai quase histérico, um padrinho acriançado, uma madrinha paralítica mas que talvez não o seja e uma estranha rapariga com a qual, apesar de nunca se terem cruzado, Hallstein tem sonhado nos últimos tempos.
De manhã tudo terá mudado e a adolescência também terá partido durante a noite.
A força da escrita de Vesaas é assombrosa. Quando primeiro li este autor disse para mim que tinha de o publicar. É como um Murakami nórdico sem o ser bem. Dêem-me depois as vossas opiniões.
Quanto ao Pavese que esteve desaparecido do mercado durante anos aparecendo apenas de forma pontual aqui e ali em edições sem continuidade, é um dos mais importantes nomes da literatura europeia da primeira metade do século XX.
É o escritor do modernismo das sensações, da indefinição do sentimento. Apresentando sempre estas temáticas numa lógica de romance quase clássico.
É nossa intenção publicar as obras de Pavese ao ritmo de 1 a 2 títulos por ano e devolver-lhe o seu merecido lugar entre os grandes nomes da literatura.
Um dos meus problemas com Golding, prémio Nobel da literatura e vencedor do Booker, é a sempre difícil relação que o leitor tem com os personagens. Há uma frieza que marca a distância entre os dois níveis e que, apesar da qualidade da escrita e da originalidade dos enredos, nos mantém claramente na posição que o autor pretende que tenhamos: observadores imparciais.
Este livro não é assim. Provavelmente também porque será a obra mais autobriográfica de Golding.
A história é divertida e pisca a vários passos o olho ao leitor. Arrasta-o para si e para os personagens daquela pequena aldeia do interior rural de Inglaterra onde o jovem narrador quer viver o seu sonho de se tornar "artista", coisa inaudita e que acarreta significações não muito abonatórias para si.
Um livro sobre a coragem de assumir a diferença num meio que não a aceita e a julga através de preconceitos equívocos e equivocados.
Divertido e comovente e, sobretudo, importante.
Heinrich Böll é um pouco (ou muito) como aqueles cientista comportamentais que pegam em vários seres vivos de uma comunidade e os colocam em situações e realidades diferentes e estranhas para ver como se comportam e se se adaptam.
A temática central da obra de Böll foi sempre essa: como se comportam os seres humanos face a situações extremas.
À lupa do microscópio-pena do autor desenrola-se, neste romance, a vida de uma família da alta burguesia alemã que procura refazer a sua vida num cenário de completa destruição do pós guerra.
Quem pense que estamos perante um romance sério e duro sobre condições extremas, desengane-se. Este livro é uma deliciosa comédia de aparências que joga de uma forma moderna com um tema tão pós-moderno como é a identidade e a sua diferença da imagem.
Daqueles livros que são irrepreensivelmente bem escritos, provocam muitas gargalhadas nos momentos certos e nos obrigam e pensar muito sobre certas coisas.
O autor também ganhou o Nobel.
Uma sugestão
0 comentáriosComo saberão sou um apreciador da literatura fantástica o que não quer, de forma alguma, dizer o mesmo que fantasia. E de vez em quando, para descontrair, compro qualquer coisa que me parece interessante.
Foi assim que, no final do ano passado, descobri aquela que, para mim é a melhor série de fantasia actual: o ciclo de romances de Joe Abercrombie (até agora 5).
Os primeiros três constituem uma espécie de trilogia com personagens que se cruzam e descruzam num mundo que reflecte os vários estereótipos da literatura fantástica moderna (estão lá Robert E. Howard, Tolkien e outros). Os últimos dois são livros independentes mas só vale a pena serem lidos com a leitura prévia da trilogia inicial. Ainda assim, na minha opinião, são os melhores.
Aquilo que faz a diferença é a simplicidade com que brinca com géneros, com os próprios estereótipos, mas também a qualidade literária muito acima da média para não falar do fabuloso sentido de humor e capacidade de presentificação ao leitor de tudo o que acontece.
Se a maior parte da fantasia moderna é, toda ela, um cansativo cliché, esta é a excepção que confirma a regra. E ao que consta está para ser publicado em português. Espero que ponham um bom tradutor a traduzir porque merece.
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Foi assim que, no final do ano passado, descobri aquela que, para mim é a melhor série de fantasia actual: o ciclo de romances de Joe Abercrombie (até agora 5).
Os primeiros três constituem uma espécie de trilogia com personagens que se cruzam e descruzam num mundo que reflecte os vários estereótipos da literatura fantástica moderna (estão lá Robert E. Howard, Tolkien e outros). Os últimos dois são livros independentes mas só vale a pena serem lidos com a leitura prévia da trilogia inicial. Ainda assim, na minha opinião, são os melhores.
Aquilo que faz a diferença é a simplicidade com que brinca com géneros, com os próprios estereótipos, mas também a qualidade literária muito acima da média para não falar do fabuloso sentido de humor e capacidade de presentificação ao leitor de tudo o que acontece.
Se a maior parte da fantasia moderna é, toda ela, um cansativo cliché, esta é a excepção que confirma a regra. E ao que consta está para ser publicado em português. Espero que ponham um bom tradutor a traduzir porque merece.
Uma mensagem para a Moody's
0 comentáriosSegui a sugestão, bem pensada, do José Mário e escrevi um pequeno e-mail à Moody's para agradecer a sua ajuda em fazer com que saiamos da crise.
Escrevam também:
RatingsDesk@moodys.com
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Escrevam também:
RatingsDesk@moodys.com
Correntes d'escritas??
0 comentários sábado, 2 de julho de 2011Já não bastavam os e-mails com correntes agora também me mandam para o blogue. Tá bonito tá. Mas vá lá, esta é da casa e portanto responde-se.
1. Existe um livro que relerias várias vezes?
Muitos mas não tenho tempo para reler. Estou a guardá-los para a reforma se ainda tiver vista.
2. Existe algum livro que começaste a ler, paraste, recomeçaste, tentaste e tentaste e nunca conseguiste ler até ao fim?
Não. Sou prático nisto. Ou me interessa, ou tenho de ler, ou, se não me motiva, há muito mais que ler na vida que é demasiado curta. Ok, vá lá: O corredor de Jean Reverzy. Só voltei a tentar ler este porque da minha primeira leitura ficou a ideia de que era uma coisa tão irritantemente estúpida que pensei que não podia ser verdade.
3. Se escolhesses um livro para ler no resto da tua vida, qual seria?
... Seria provavelmente o errado. Com a minha sorte...
4. Que livro gostarias de ter lido mas que, por algum motivo, nunca leste?
Aqui tem de vir o As mil e uma noites integral... que só li bocadinhos e ando há milénios para ler. Ah, e o La vita do Benvenuto Cellini.
5. Que livro leste cuja “cena final” jamais conseguiste esquecer?
Uma cena nada final, mesmo bem no meio, passada num poço no The wind-up bird chronicle que quem leu não esquece.
6. Tinhas o hábito de ler quando eras criança? Se lias, qual era o tipo de leitura?
Verne, Stevenson, Salgari, Os cinco, Jim Kjelgaard, Jack London, Walter Scott, G. A. Henry, Mark Twain e a colecção completa da revista Tintin, ou seja era aventura e mais aventura. Costumava rasgar os livros infantis que me davam.
7. Qual o livro que achaste chato mas ainda assim leste até ao fim? Porquê?
Tenho uma longa lista daquele tipo de autores que escrevem sobre coisas que não me entusiasmam mas cuja leitura não consigo parar. Assim no topo da lista: Julien Green, Maria Judite de Carvalho e um outro autor que não vou mencionar porque um dia talvez o publique.
Porquê? Porque escrevem tão bem que, apesar de abordarem temas pelos quais geralmente não me interesso, são inelargáveis (isto existe?)
8. Indica alguns dos teus livros preferidos.
A ilha do tesouro (Stevenson), Caninos brancos (London), As aventuras de Sindbad (do Guyla Krudy), Moby Dick (Melville), O último justo (Schwarz-Bart), Gente independente (Laxness), O último Unicórnio (Beagle), A noite e o riso (Bragança), Contos fantásticos (Carvalhal), Zero (Loyola Brandão), Com amor e raiva (Pratolini), A ponte sobre o Drina (Andric), A tia Júlia e o escrevedor (Llosa), A roda da fortuna (Jorn), Dom Quixote (Cervantes), Wuthering heights (Brontë), Complete short-stories (Maugham), The wind-up bird Chronicle (Murakami), O bosque harmonioso (Abelaira), Jó (J. Roth), Narciso e Goldmundo (Hesse), The sacred book of the werewolf (Pelevin), Oscar & Lucinda (Carey), Kristin Lavransdatter (Undset), A noite de Walpurgis e O Golem (Meyrink), Gormenghast (Peake), O Castelo do homem ancorado (Huysmans), Margarida e o mestre (Bulgakov), quase tudo do Bioy Casares, A última receita (Lindgren), Heart's delight (Nilsson), quase toda a obra da Selma Lagerlöf, quase tudo do John Fowles, Escrevo-lhe de Itália (Déon), Inside, outside (Wouk), poesia do Char, do Vinicius, do Browning, do Neruda, da Szymborska, do Maiakowski, quase toda a ficção do Stanislav Lem, Casa de campo (Donoso), Great expectations (Dickens), os contos do Machen e do Robert E. Howard, Os moedeiros falsos (Gide), os contos do Eça, O arranca corações (Vian), poesia do Mário de Saa, do Joaquim Namorado, do Carlos Queiroz, todo o Raul Brandão, os contos e algumas crónicas e ensaios de António Ferro, tudo do Edward Whittemore, Zorba (Kazantzaki), O livro de San Michele (Munthe), To kill a mockingbird (Lee), Spice & Wolf (os "light novels"), Behold! this dreamer (de la Mare), mais poesia do Gomes Leal, Manoel de Barros, Coleridge, e posso continuar se quiserem mas sentir-me-ia como o Eco nos últimos romances: a masturbar-se para o público.
9. Que livro estás a ler?
The heroes do Joe Abercrombie e uma série de outros que, por motivos profissionais, não vou revelar.
10. Indica dez amigos para responderem a este inquérito.
Não tenho dez amigos com blogues portanto vai para blogueiros que gostaria de ver a responderem a isto: para o Zé Mário, a Isabel, o Eduardo, o André, a Sara, para o Paulo e o Nuno, o Rui, o José, outro Nuno, para o Don (para ver se volta a escrever), a Susana e a Susana (já foram demasiados mas como nenhum deles me segue, não se nota)
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1. Existe um livro que relerias várias vezes?
Muitos mas não tenho tempo para reler. Estou a guardá-los para a reforma se ainda tiver vista.
2. Existe algum livro que começaste a ler, paraste, recomeçaste, tentaste e tentaste e nunca conseguiste ler até ao fim?
Não. Sou prático nisto. Ou me interessa, ou tenho de ler, ou, se não me motiva, há muito mais que ler na vida que é demasiado curta. Ok, vá lá: O corredor de Jean Reverzy. Só voltei a tentar ler este porque da minha primeira leitura ficou a ideia de que era uma coisa tão irritantemente estúpida que pensei que não podia ser verdade.
3. Se escolhesses um livro para ler no resto da tua vida, qual seria?
... Seria provavelmente o errado. Com a minha sorte...
4. Que livro gostarias de ter lido mas que, por algum motivo, nunca leste?
Aqui tem de vir o As mil e uma noites integral... que só li bocadinhos e ando há milénios para ler. Ah, e o La vita do Benvenuto Cellini.
5. Que livro leste cuja “cena final” jamais conseguiste esquecer?
Uma cena nada final, mesmo bem no meio, passada num poço no The wind-up bird chronicle que quem leu não esquece.
6. Tinhas o hábito de ler quando eras criança? Se lias, qual era o tipo de leitura?
Verne, Stevenson, Salgari, Os cinco, Jim Kjelgaard, Jack London, Walter Scott, G. A. Henry, Mark Twain e a colecção completa da revista Tintin, ou seja era aventura e mais aventura. Costumava rasgar os livros infantis que me davam.
7. Qual o livro que achaste chato mas ainda assim leste até ao fim? Porquê?
Tenho uma longa lista daquele tipo de autores que escrevem sobre coisas que não me entusiasmam mas cuja leitura não consigo parar. Assim no topo da lista: Julien Green, Maria Judite de Carvalho e um outro autor que não vou mencionar porque um dia talvez o publique.
Porquê? Porque escrevem tão bem que, apesar de abordarem temas pelos quais geralmente não me interesso, são inelargáveis (isto existe?)
8. Indica alguns dos teus livros preferidos.
A ilha do tesouro (Stevenson), Caninos brancos (London), As aventuras de Sindbad (do Guyla Krudy), Moby Dick (Melville), O último justo (Schwarz-Bart), Gente independente (Laxness), O último Unicórnio (Beagle), A noite e o riso (Bragança), Contos fantásticos (Carvalhal), Zero (Loyola Brandão), Com amor e raiva (Pratolini), A ponte sobre o Drina (Andric), A tia Júlia e o escrevedor (Llosa), A roda da fortuna (Jorn), Dom Quixote (Cervantes), Wuthering heights (Brontë), Complete short-stories (Maugham), The wind-up bird Chronicle (Murakami), O bosque harmonioso (Abelaira), Jó (J. Roth), Narciso e Goldmundo (Hesse), The sacred book of the werewolf (Pelevin), Oscar & Lucinda (Carey), Kristin Lavransdatter (Undset), A noite de Walpurgis e O Golem (Meyrink), Gormenghast (Peake), O Castelo do homem ancorado (Huysmans), Margarida e o mestre (Bulgakov), quase tudo do Bioy Casares, A última receita (Lindgren), Heart's delight (Nilsson), quase toda a obra da Selma Lagerlöf, quase tudo do John Fowles, Escrevo-lhe de Itália (Déon), Inside, outside (Wouk), poesia do Char, do Vinicius, do Browning, do Neruda, da Szymborska, do Maiakowski, quase toda a ficção do Stanislav Lem, Casa de campo (Donoso), Great expectations (Dickens), os contos do Machen e do Robert E. Howard, Os moedeiros falsos (Gide), os contos do Eça, O arranca corações (Vian), poesia do Mário de Saa, do Joaquim Namorado, do Carlos Queiroz, todo o Raul Brandão, os contos e algumas crónicas e ensaios de António Ferro, tudo do Edward Whittemore, Zorba (Kazantzaki), O livro de San Michele (Munthe), To kill a mockingbird (Lee), Spice & Wolf (os "light novels"), Behold! this dreamer (de la Mare), mais poesia do Gomes Leal, Manoel de Barros, Coleridge, e posso continuar se quiserem mas sentir-me-ia como o Eco nos últimos romances: a masturbar-se para o público.
9. Que livro estás a ler?
The heroes do Joe Abercrombie e uma série de outros que, por motivos profissionais, não vou revelar.
10. Indica dez amigos para responderem a este inquérito.
Não tenho dez amigos com blogues portanto vai para blogueiros que gostaria de ver a responderem a isto: para o Zé Mário, a Isabel, o Eduardo, o André, a Sara, para o Paulo e o Nuno, o Rui, o José, outro Nuno, para o Don (para ver se volta a escrever), a Susana e a Susana (já foram demasiados mas como nenhum deles me segue, não se nota)
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