A professora Hatherly
0 comentários sexta-feira, 7 de agosto de 2015Em 2002 contactei a professora Ana Hatherly pela primeira vez. Estava a
montar aquilo que haveria de ser a Cavalo de Ferro e procurávamos
autorização para re-publicar a tradução que a professora fizera do
Dicionário Infernal de Plancy. A conversa que tive com a professora e a
sua simpatia, abertura e disponibilidade foram motivo para um convite
quase imediato para que integrasse o conselho editorial da Cavalo de
Ferro.
Ao longo que quase 8 anos, a professora Ana Hatherly foi um dos membros mais activos do Conselho com sugestões, recomendações e sempre disponível para apoiar e promover projectos. Foi através da professora que publicámos o livro de Sayd Bahodine Majrouh O suicídio e o canto e foi também a professora que co-traduziu O vagabundo do Dharma de Han-shan numa edição que saiu lindíssima.
A professora Ana Hatherly tornou-se uma amiga e em presença ou por telefone mantivemos o contacto ao longo dos anos. Era uma apaixonada das franjas literárias movendo-se por territórios que deixariam muito professor de literatura inseguro e cauteloso. Acho que talvez seja esse um dos principais motivos para nos termos dado tão bem. Como leitor ando sempre dentro e fora do cânone e esse foi o mote de muitas conversas.
Já na Babel desafiei a professora, instado pela Ana Marques Gastão, a uma reedição do seu O mestre. Foi com bastante alegria que recebi uma visita sua na editora pois pouco tempo antes tinha estado bastante perturbada quando faláramos ao telefone. Uma série de pequenos AVc's e outros problemas pareciam ter sido ultrapassados e a professora estava de novo em forma e cheia de projectos.
Infelizmente e devido à proibição interna de envio de livros para crítica e imprensa, o livro não teve o destaque que merecia uma das obras mais revolucionárias da nossa literatura que, ano após ano, é alvo de estudo fora de Portugal. Ainda recentemente numa das mais prestigiadas universidades brasileiras decorreu um curso sobre essa obra. Por cá e apesar de a edição coincidir com o aniversário da publicação original, pouco ou nada se falou.
Mas enquanto eu ia tentando explicar o inexplicável dos mecanismos internos de um grupo editorial, a professora tinha já passado à frente e falava-me de novos projectos.
A professora Hatherly ficará sempre, para mim com esse título de alguém que tinha sempre imenso para ensinar na forma como vivia o saber que adquiria. O maior professor é sempre aquele que nos contagia com a sua curiosidade.
Ao fim e ao cabo, a imagem que guardarei da professora Ana Hatherly é a sua enorme abertura a tudo o que de novo e incomum lhe aparecia pela frente. O seu fantástico sentido de humor e riso fácil para além da tranquilidade com que se punha acima das complicações e mesquinhez do dia a dia. Talvez aí resida o segredo da verdadeira criatividade.
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Ao longo que quase 8 anos, a professora Ana Hatherly foi um dos membros mais activos do Conselho com sugestões, recomendações e sempre disponível para apoiar e promover projectos. Foi através da professora que publicámos o livro de Sayd Bahodine Majrouh O suicídio e o canto e foi também a professora que co-traduziu O vagabundo do Dharma de Han-shan numa edição que saiu lindíssima.
A professora Ana Hatherly tornou-se uma amiga e em presença ou por telefone mantivemos o contacto ao longo dos anos. Era uma apaixonada das franjas literárias movendo-se por territórios que deixariam muito professor de literatura inseguro e cauteloso. Acho que talvez seja esse um dos principais motivos para nos termos dado tão bem. Como leitor ando sempre dentro e fora do cânone e esse foi o mote de muitas conversas.
Já na Babel desafiei a professora, instado pela Ana Marques Gastão, a uma reedição do seu O mestre. Foi com bastante alegria que recebi uma visita sua na editora pois pouco tempo antes tinha estado bastante perturbada quando faláramos ao telefone. Uma série de pequenos AVc's e outros problemas pareciam ter sido ultrapassados e a professora estava de novo em forma e cheia de projectos.
Infelizmente e devido à proibição interna de envio de livros para crítica e imprensa, o livro não teve o destaque que merecia uma das obras mais revolucionárias da nossa literatura que, ano após ano, é alvo de estudo fora de Portugal. Ainda recentemente numa das mais prestigiadas universidades brasileiras decorreu um curso sobre essa obra. Por cá e apesar de a edição coincidir com o aniversário da publicação original, pouco ou nada se falou.
Mas enquanto eu ia tentando explicar o inexplicável dos mecanismos internos de um grupo editorial, a professora tinha já passado à frente e falava-me de novos projectos.
A professora Hatherly ficará sempre, para mim com esse título de alguém que tinha sempre imenso para ensinar na forma como vivia o saber que adquiria. O maior professor é sempre aquele que nos contagia com a sua curiosidade.
Ao fim e ao cabo, a imagem que guardarei da professora Ana Hatherly é a sua enorme abertura a tudo o que de novo e incomum lhe aparecia pela frente. O seu fantástico sentido de humor e riso fácil para além da tranquilidade com que se punha acima das complicações e mesquinhez do dia a dia. Talvez aí resida o segredo da verdadeira criatividade.
Novo projecto editorial
0 comentários quinta-feira, 6 de agosto de 2015
A E-primatur é a primeira face (e fase) de um projecto que creio ser totalmente revolucionário no panorama editorial nacional.
O conceito que lhe está associado é simples: neste país e um pouco por todo o mundo, ouve-se sempre a justificação de uma editora para publicar o livro X ou para não publicar o livro Y ser atribuída "ao mercado".
Acontece que "o mercado" são os leitores e, que eu saiba, os leitores não são nunca ouvidos sobre o que há de se publicar.
Na realidade as editoras trabalham por estatísticas que dizem que os livros do género Z vendem mais dos que os do género W. Mas esta situação é uma pescadinha-de-rabo-na-boca porque os livros do género Z têm sempre mais exposição e destaque que o género W. E se fosse ao contrário? Não podemos saber e as editoras e livrarias não arriscam para o descobrir.
A E-primatur deixa a escolha dos títulos aos leitores através de um sistema de crowdpublishing (a vertente do financiamento colectivo ou crowdfunding para a área da edição). Assim, num sistema misto, parte dos custos é suportado pela editora mas a decisão final é dos leitores ao fazerem doações que podem permitir a viabilização da edição.
Quem tiver feito uma doação, receberá, terminado o prazo com sucesso, um exemplar sem quaisquer custos adicionais e a doação que fez corresponde latamente a 2/3 do PVP que o livro terá. (Se o processo se concluir sem sucesso, o dinheiro será devolvido por inteiro.)
Mas queremos ir mais longe: no primeiro ano e por motivos óbvios, o programa é preparado pela equipe editorial do projecto, mas queremos que, ao longo desse primeiro ano de actividade, os leitores nos dêem as suas ideias e sugestões. No futuro queremos um catálogo construído a pelos editores e pelos leitores dando, assim, ainda mais voz ao mercado.
Daqui a umas semanas abrirá a segunda fase deste projecto, a BookBuilders sobre a qual escreverei depois.
Para já fica o convite: venha construir esta editora connosco.
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O conceito que lhe está associado é simples: neste país e um pouco por todo o mundo, ouve-se sempre a justificação de uma editora para publicar o livro X ou para não publicar o livro Y ser atribuída "ao mercado".
Acontece que "o mercado" são os leitores e, que eu saiba, os leitores não são nunca ouvidos sobre o que há de se publicar.
Na realidade as editoras trabalham por estatísticas que dizem que os livros do género Z vendem mais dos que os do género W. Mas esta situação é uma pescadinha-de-rabo-na-boca porque os livros do género Z têm sempre mais exposição e destaque que o género W. E se fosse ao contrário? Não podemos saber e as editoras e livrarias não arriscam para o descobrir.
A E-primatur deixa a escolha dos títulos aos leitores através de um sistema de crowdpublishing (a vertente do financiamento colectivo ou crowdfunding para a área da edição). Assim, num sistema misto, parte dos custos é suportado pela editora mas a decisão final é dos leitores ao fazerem doações que podem permitir a viabilização da edição.
Quem tiver feito uma doação, receberá, terminado o prazo com sucesso, um exemplar sem quaisquer custos adicionais e a doação que fez corresponde latamente a 2/3 do PVP que o livro terá. (Se o processo se concluir sem sucesso, o dinheiro será devolvido por inteiro.)
Mas queremos ir mais longe: no primeiro ano e por motivos óbvios, o programa é preparado pela equipe editorial do projecto, mas queremos que, ao longo desse primeiro ano de actividade, os leitores nos dêem as suas ideias e sugestões. No futuro queremos um catálogo construído a pelos editores e pelos leitores dando, assim, ainda mais voz ao mercado.
Daqui a umas semanas abrirá a segunda fase deste projecto, a BookBuilders sobre a qual escreverei depois.
Para já fica o convite: venha construir esta editora connosco.
Vem aí.
1 comentários segunda-feira, 16 de março de 2015Até meados de Abril, o mais tardar, será apresentado o projecto com que vou regressar ao mundo da edição. Desde que saí da Babel tenho estado a tentar montar vários projectos editoriais mas não queria fazer "mais um projecto" condenado a sofrer dos males endémicos do mercado. Tinha de ser algo capaz de contornar a crise e de se projectar no futuro.
Vai ser uma coisa pequenina mas completamente inovadora especialmente orientada para os grandes leitores (vulgo, sobreviventes); um projecto que vai, também ele, ser construído pelos grandes leitores. Aliás na verdade é mais do que um projecto (são dois). Fiquem atentos.
read more “Vem aí.”
Vai ser uma coisa pequenina mas completamente inovadora especialmente orientada para os grandes leitores (vulgo, sobreviventes); um projecto que vai, também ele, ser construído pelos grandes leitores. Aliás na verdade é mais do que um projecto (são dois). Fiquem atentos.
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