Os ciclos da História, A Ficção-Científica, O Chipre e os Dias do Fim
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Para quem não perceba a referência de imediato, esta é a máquina, a grande máquina que alimenta Metropolis. O filme é uma distopia assente num fundo de ficção científica mas sobretudo de uma ficção social que ameaçava o futuro de uma Alemanha e que levou à segunda guerra mundial.
A proximidade da realidade histórica com esta realidade ficcional é muito maior do que a generalidade de nós consegue hoje ver.
Anos mais tarde, no final das décadas de 60, na década de 70 e em começos da década de 80, a ficção científica, quer na literatura quer no cinema, evidenciou uma severa preocupação sobre o modo a Humanidade estava a evoluir.
Anos de desleixo e putrefacção do sistema político e social levaram a que os governantes tenham começado a violar as bases do contrato social de que o Chipre é exemplo mas também os ataques às reformas e pensões.
[Um parêntesis recto para deixar muito claro, pela enésima vez, que não sou de esquerda nem de direita. Sou e sempre fui pelas ideias que resolvem problemas e pelos Homens que as pensam.]
Esta é uma revolução silenciosa. Não é o povo que se revolta. Fomos treinados para aguentar e obedecer. A revolução está-nos a ser imposta por quem nos governa.
Na ficção científica aquilo que levou à maior parte das sociedades distópicas foi a criação de uma sociedade harmónica baseada no hedonismo. A proliferação não natural da espécie. O crescimento desmesurado da espécie num mundo incapaz de suportar uma tal realidade. Assim nalguns livros e filmes as sociedades matavam os seus velhos e enfermos (ou pura e simplesmente os que ultrapassassem os 30 ou 40 anos), noutras os alimentos frescos eram reservados para as elites e os restantes consumiam uma matéria verde-feijão que por acaso advinha do tratamento da matéria morta retirada de cadáveres humanos. Noutros eram criadas guerras artificiais para controlar a população... Os exemplos são múltiplos e variados.
Em todos esses filmes e livros há um enorme fosso entre classes. Os que vivem bem acima e os que os amparam nos ombros com o seu trabalho, suor e sangue.
Em todos esses livros e filmes às classes exploradas é negado o acesso ao conhecimento histórico para que a comparação da sua realidade com outras não seja possível. Para essas classes exploradas, o acesso à cultura e conhecimento é substituído pela fé (uma fé desligada da realidade e inútil), pela disciplina e pela austeridade.
E as revoluções que possam nascer da ignorância e do desconhecimento histórico não são verdadeiras revoluções. São mera substituição de posições. mera troca de poderes. Um mero atraso na contínua corrupção dos sistemas.
Em todos esses filmes e livros, a generalidade dos governantes e dos processos que levam às situações extremas são bem intencionados no começo mas acabam por se tornar protectivos das classes dominantes. isto não são doutrinas de esquerda nem interpretações marxistas. O Poder é algo viciante, isolador e que pressupõe uma insatisfação constante na sua demanda (Tolkien já o tinha exemplificado).
Todas essas sociedades, enveredando por diversos caminhos, chegaram a resultados semelhantes.
Também nós para lá caminhamos. A passos muito largos.
E a grande evidência é que todos sabemos que quem governa não nos pode salvar desse abismo. Não que a solução não seja política, a solução passa sempre pela polis e pela sociedade. O modelo é que não serve, o modelo é que se esgotou, os políticos é que o perverteram. O erro é sempre humano.
Mas são uma boa parte dos políticos instalados que impedirão a mudança de modelo. Por vezes não por má intenção, repito, mas porque não concebem outra realidade senão aquela na qual se instalaram e que lhes é confortável (e isto vale para esquerdas e direitas). E vale para sistemas bancários e económicos e para os modelos sociais.
Daí que devêssemos todos estar bem atentos à revolução que se está a dar. São os dias do fim do modelo vigente. Segue-se-lhes a revolução da substituição de poderes. mas estes dias do fim serão, como são sempre, dolorosos e terríveis. Mais uma vez, como tantas ao longo da sua história, a Humanidade sofrerá por sua causa. Os culpados somos todos nós.
O paradoxo nunca poderá ser evitado: todos devem ter acesso à História e à cultura em geral. Mas terão sempre de existir alguns capazes de uma visão de conjunto. aqueles que conseguem perceber a sociedade e os seus mecanismos. E esses deveram sempre governar mas, com o passar do tempo, acabarão sempre substituídos pelas escolhas do povo que não tem a visão de conjunto mas que, num sistema democrático é quem mais ordena, sem cultura e sem conhecimento histórico.
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A proximidade da realidade histórica com esta realidade ficcional é muito maior do que a generalidade de nós consegue hoje ver.
Anos mais tarde, no final das décadas de 60, na década de 70 e em começos da década de 80, a ficção científica, quer na literatura quer no cinema, evidenciou uma severa preocupação sobre o modo a Humanidade estava a evoluir.
Anos de desleixo e putrefacção do sistema político e social levaram a que os governantes tenham começado a violar as bases do contrato social de que o Chipre é exemplo mas também os ataques às reformas e pensões.
[Um parêntesis recto para deixar muito claro, pela enésima vez, que não sou de esquerda nem de direita. Sou e sempre fui pelas ideias que resolvem problemas e pelos Homens que as pensam.]
Esta é uma revolução silenciosa. Não é o povo que se revolta. Fomos treinados para aguentar e obedecer. A revolução está-nos a ser imposta por quem nos governa.
Na ficção científica aquilo que levou à maior parte das sociedades distópicas foi a criação de uma sociedade harmónica baseada no hedonismo. A proliferação não natural da espécie. O crescimento desmesurado da espécie num mundo incapaz de suportar uma tal realidade. Assim nalguns livros e filmes as sociedades matavam os seus velhos e enfermos (ou pura e simplesmente os que ultrapassassem os 30 ou 40 anos), noutras os alimentos frescos eram reservados para as elites e os restantes consumiam uma matéria verde-feijão que por acaso advinha do tratamento da matéria morta retirada de cadáveres humanos. Noutros eram criadas guerras artificiais para controlar a população... Os exemplos são múltiplos e variados.
Em todos esses filmes e livros há um enorme fosso entre classes. Os que vivem bem acima e os que os amparam nos ombros com o seu trabalho, suor e sangue.
Em todos esses livros e filmes às classes exploradas é negado o acesso ao conhecimento histórico para que a comparação da sua realidade com outras não seja possível. Para essas classes exploradas, o acesso à cultura e conhecimento é substituído pela fé (uma fé desligada da realidade e inútil), pela disciplina e pela austeridade.
E as revoluções que possam nascer da ignorância e do desconhecimento histórico não são verdadeiras revoluções. São mera substituição de posições. mera troca de poderes. Um mero atraso na contínua corrupção dos sistemas.
Em todos esses filmes e livros, a generalidade dos governantes e dos processos que levam às situações extremas são bem intencionados no começo mas acabam por se tornar protectivos das classes dominantes. isto não são doutrinas de esquerda nem interpretações marxistas. O Poder é algo viciante, isolador e que pressupõe uma insatisfação constante na sua demanda (Tolkien já o tinha exemplificado).
Todas essas sociedades, enveredando por diversos caminhos, chegaram a resultados semelhantes.
Também nós para lá caminhamos. A passos muito largos.
E a grande evidência é que todos sabemos que quem governa não nos pode salvar desse abismo. Não que a solução não seja política, a solução passa sempre pela polis e pela sociedade. O modelo é que não serve, o modelo é que se esgotou, os políticos é que o perverteram. O erro é sempre humano.
Mas são uma boa parte dos políticos instalados que impedirão a mudança de modelo. Por vezes não por má intenção, repito, mas porque não concebem outra realidade senão aquela na qual se instalaram e que lhes é confortável (e isto vale para esquerdas e direitas). E vale para sistemas bancários e económicos e para os modelos sociais.
Daí que devêssemos todos estar bem atentos à revolução que se está a dar. São os dias do fim do modelo vigente. Segue-se-lhes a revolução da substituição de poderes. mas estes dias do fim serão, como são sempre, dolorosos e terríveis. Mais uma vez, como tantas ao longo da sua história, a Humanidade sofrerá por sua causa. Os culpados somos todos nós.
O paradoxo nunca poderá ser evitado: todos devem ter acesso à História e à cultura em geral. Mas terão sempre de existir alguns capazes de uma visão de conjunto. aqueles que conseguem perceber a sociedade e os seus mecanismos. E esses deveram sempre governar mas, com o passar do tempo, acabarão sempre substituídos pelas escolhas do povo que não tem a visão de conjunto mas que, num sistema democrático é quem mais ordena, sem cultura e sem conhecimento histórico.
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