Livros do Ano 2012 (VI)

0 comentários sábado, 29 de dezembro de 2012



1 - A cortina dos dias, de Alfredo Cunha (Porto)

Grande livro de fotografia sobre o princípio deste fim que agora vivemos.

2 - O Luxo Eterno - Da Idade do Sagrado ao Tempo das Marcas, de Gilles Lipovetsky e Elyette Roux (Edições 70)

Difícil, difícil é dizer bem sobre que trata este livro. é uma obra sobre coisas que nos fascinam e prendem, sobre as ideias que vemos nas coisas e nas marcas, sobre a essência. Um livro que fala sobre a satisfação de um desejo de requinte (créditos para a Ferrero).

3 - As elipses na água, de Javier Sotto y Castro (Bruma)

Há livros que estão condenados à obscuridade. Edição com tiragem limitadíssima, autor  sobre o qual não se encontra qualquer informação, editora (devidamente) obscura com um blogue que esteve online penso que nem um mês. Uma pequena obra-prima.

4 - Num lugar solitário, de Ana Teresa Pereira (Relógio d'Água)

Quando se diz que há autores que estão sempre a escrever o mesmo livro, Ana Teresa Pereira é precisamente assim. O resultado é que o livro é sempre bom. 

5 - Lisboa, uma cidade em tempo de guerra, de Margarida de Magalhães Ramalho (IN-CM)

Uma edição importante em que se cruza a história urbana com a história dos refugiados e dos passantes. Um documento impressionante.

5 - Persépolis, de Marjane Satrapi (Contraponto)

Finalmente em língua portuguesa. Continuo na dúvida se gosto mais do filme ou da BD...

6 - Paulo Guilherme, de Silva Designers (IN-CM)

Há uns anos valentes (mais de dez) estive no estúdio do Paulo Guilherme - filho do Olavo de Eça Leal (se não sabem quem foi, investiguem) - porque um editor com quem eu trabalhava queria fazer uma reedição do "Iratan e Iracema" de seu pai (que o Paulo Guilherme realizou em filme no final dos anos 80).
Foi uma das experiências que me marcaram. Este era um artista completo: arquitecto, designer, pintor, realizador, escritor, polemista, ensaísta e provavelmente um dos melhores conversadores com quem alguma vez privei.
Esta homenagem ao homem e ao artista é mais do que devida.

Bónus

1 - Contos escolhidos, de Isaac Babel (Relógio d'Água)

Se não o escrevi ainda, escrevo agora. Esta edição irrita-me imenso. O Isaac Babel é um dos melhores contistas russos mas com produção bastante contida. Publicar-se uma edição de contos escolhidos com quase 300 pp. quando os seus contos completos não ultrapassam em muito as 400 é uma frustração de edição. Ainda assim um grande livro na ausência do todo.

2 - Pessoa existe?, de Jerónimo Pizarro (Ática)

Talvez a provocação intelectual do ano.
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Livros do Ano 2012 (V)

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1 - O ilustre, de Clarice Lispector (Relógio d'Água)

Podia ser qualquer um, podiam ser todos os livros da Clarice... Foi este porque é dos que mais gostei.

2 - Uma Manhã Perdida, de Gabriela Adamasteanu (Dom Quixote)

Uma escritora ainda muito ignorada em Portugal. Este é o seu segundo melhor romance. Publicado no começo dos anos 80. (Não li esta tradução portuguesa)

3 - Mazagran, J. Rentes de Carvalho (Quetzal)

Só muito recentemente vim a descobrir Rentes de Carvalho. É muito bom poder ir descobrindo assim, coisas inesperadas. Mais um grande livro.

4 - A Sorte de Jim, de Kingsley Amis (Quetzal)

A obra-prima de Amis, uma tragicomédia que é em boa parte um retrato muito importante de uma realidade britânica de uma época de mudanças. O título original é "Lucky Jim" - Jim, o sortudo" ou coisa que o valha. Os editores e os tradutores têm medo que palavras dessas soem à província, o resultado é um título que pode transmitir uma carga diferente ao livro até pelas diversas utilizações da palavra "sorte". "Jim com sorte" poderia ter sido uma solução.

5 - Pulp, de Charles Bukowski (Alfaguara)
6 - Hollywood, de Charles Bukowski (Alfaguara)

Bukowski quase todo disponível em língua portuguesa com mais estas duas edições. "Pulp" é um dos grandes da literatura norte-americana e mundial.

7 - O futuro da ficção, de António-Pedro de Vasconcellos (Fundação Francisco Manuel dos Santos)

Estive hesitante em colocar este livro. A paginação é péssima. Encontrá-lo à venda foi um pesadelo. E o texto em si apesar de interessante deixa sempre um pouco uma impressão de incompleto. No entanto, como por vezes acontece, foi um livro que, devido a essa falta de completude, me obrigou a pensar em muitas coisas bastante interessantes. Acresce a isso a possibilidade de espreitarmos o mundo de A-P de Vasconcellos por mera curiosidade.
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Livros do Ano 2012 (IV)

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1 - Um Império de Papel - Imagens do Colonialismo Português na Imprensa Periódica Ilustrada (1875-1940), de Leonor Pires Martins (Edições 70)

Um álbum interessantíssimo que traça num quase foto-jornalismo uma sociedade em transição. É sem dúvida um documento essencial da nossa história.

2 - Desenhar o vento - A última viagem do Capitão Salgari, de Ernesto Ferrero (Teodolito)

Para quem cresceu com Salgari (eu estive mais próximo do Jules Verne mas ainda assim), um romance biográfico sobre um homem que deu mais mundo aos homens.

3 - Portugueses no holocausto, de Esther Mucznik (Esfera dos Livros)

Outro documento importante cobrindo uma parte da história nossa que desconhecemos.

4 - Dentro do segredo, de José Luís Peixoto (Quetzal)

Magnífico livro de viagens.sobre um mundo que não se dá ao mundo.

5 - Uma Obra Enternecedora de Assombroso Génio, de Dave Eggers (Quetzal) 

Finalista do Pulitzer, o romance de Eggers é um assombroso estudo sobre os lugares e papéis sociais e familiares, sobre quando temos de assumir papéis que nunca imaginámos vir a ter de assumir, sobre o nosso papel na sociedade e na pequena sociedade que é a família. Daí a importância de um livro nos tempos que correm em que a nossa leviandade social é aterradora.

6 - 1089 e Tudo o Resto - Uma Viagem Pela Matemática, de David Acheson (Relógio d'Água)

De vez em quando gosto de me embrulhar num desafio destes, acho que faz muita falta à cabeça das gentes de letras. Obriga-nos a arrumar a casa aqui de cima e nós por natureza gostamos de um caos culto.

7 - A Palavra do Mudo, de Julio Ramon Ribeyro (Ahab)

Já tinha destacado em escolhas de anos anteriores. J. R. R. é um dos melhores contistas de todos os tempos, provavelmente ali no top 10. Grande livro, venha o segundo volume.
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Livros do Ano 2012 (III)

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Continuo a divulgar a minha lista. Valem as notas deixadas nas entradas anteriores.

1 - Contos completos, de Lydia Davis (Relógio d'Água)

Comecei a publicar a Lydia Davis na Ulisseia  com o «Break it down - demolição». Conheci a autora por culpa do José Luís Peixoto que ma tinha recomendado há uns anos valentes. É sem dúvida nenhuma uma das melhores contistas contemporâneas de língua inglesa.

2 - A Mulher Que Tentou Matar o Bebé da Vizinha, de Liudmila Petruchévskaia (Relógio d'Água)  

Um dos melhores livros de contos do ano publicados em Portugal. Antologia de anos de escrita em torno de temas e realidades tabu de uma União Soviética. Forte, muito forte. Muito bom. (engraçado nessa força o paralelo com alguns contos da Lydia Davis)

3 - Arturo, de Davide Cali e Ninamasina (Bruaá)

Que dizer... Olha-se, folheia-se e percebe-se o porquê da escolha, acho eu.

4 - Rómulo de Carvalho/António Gedeão - Príncipe Perfeito, de Cristina Carvalho (Estampa)

A Cristina Carvalho, filha do Rómulo de Carvalho e também ela escritora, dá-nos o retrato muito pessoal de uma das figuras mais marcantes do século XX português.

5 - A forca, de Joe Abercrombie (Asa)

Esta escolha é para os fanáticos da fantasia. Não li a tradução do segundo volume da trilogia do Joe Abercrombie (aliás li-os todos em inglês). Abercrombie é o melhor escritor actual de fantasia - na minha opinião - e os seus livros apresentam um mundo onde se cruzam as principais correntes da fantasia próximas dos estereótipos clássicos. Aliado a tudo isso uma mestria nos diálogos à altura de George R. R. Martin e um sentido de humor britânico e muito muito negro que não deixam o leitor deixar de rir às gargalhadas nos mais terríveis momentos de acção.

6 - A química das lágrimas, de Peter Carey (Gradiva)

Peter Carey é um dos meus autores de eleição e ainda está para vir um livro seu que não me prenda. Mais uma vez aqui, Carey joga com a ficção, a história e a escrita como poucos.

7 - Conde Ferreira & C.ª - Traficantes de escravos, de José Capela (Afrontamento)

Imagino que a origem deste livro tenha sido uma tese mas quer a temática quer o tratamento são extremamente interessantes e servem para deixarmos de lado muito do nosso passado cor-de-rosa pintado por anos de ancient régime.
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Livros do Ano 2012 (II)

0 comentários sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Aqui seguem mais sete dos meus livros do ano. Mais uma vez, sem que a numeração implique qualquer tipo de valoração.

1 - A Polaquinha, de Dalton Trevisan (Relógio d'Água)

Ainda estive para colocar o «Vampiro de Curitiba» mas adoro romances construídos de contos. este é um deles daquele que é provavelmente um dos maiores contistas do século XX em língua portuguesa.

2 - Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada, de Pablo Neruda (Relógio d'Água)

Porque eu nunca consigo evitar Neruda.

3 - Kafkiana, de Agustina Bessa-Luís (Guimarães)

Reconhecendo-lhe o valor, não sou grande fã de Agustina. mas sou-o de Kafka e aqui o casamento é quase perfeito.

4 - Necrópole, de Santiago Gamboa (Eucleia)

Um romance portentoso, ainda o estive para publicar na Ulisseia. A prova de que a literatura sul-americana tem outros espaços que não apenas o do realismo mágico. Este romance alegórico-metafórico é um desafio à compreensão do nosso mundo e da presença constante da morte. (Li no original.)

5 - Domar os Deuses - Religião e Democracia em Três Continentes, de Ian Buruma (Edições 70)

O fenómeno religioso e as suas relações com a política e sociedade. Um livro marcante.

6 - Jesus Cristo Bebia Cerveja, de Afonso Cruz (Alfaguara)

O Afonso Cruz não larga as minhas escolhas do ano há, creio, pelo menos uns 3 ou 4 anos. Deve ser porque tem aquela coisa notável de não parecer um escritor quando escreve.

7 - Fernando Guedes - o decano dos editores portugueses, entrevista de Sara Figueiredo Costa (Booktailors)

Mais do que o livro em si - que vale muito a pena - o conceito e a importância da colecção e do que com ela se pretende. Bravo. Precisamos muito de memória na edição portuguesa. Espero volumes sobre o Luís Oliveira, Luís Amaro, Vítor Silva Tavares e outros.
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Livros do Ano 2012 (I)

1 comentários quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Aqui seguem os primeiros 7 títulos que fazem parte da minha lista de Livros do ano 2012. A ordem e numeração não representam qualquer tipo de gradação (salvo no número 1).


1 - A lebre de olhos de âmbar, de Edmund de Waal (Sextante)

Um livro que eu queria muito publicar. Tinha-o há uns anitos já nas minhas listas. Pessoalmente é o meu livro do ano.
Sendo uma memória pode ler-se igualmente como um romance, uma notável saga familiar, uma história da Europa nos últimos 150 anos, uma história dos gostos, costumes e ideias no mesmo período, um retrato de um mundo perdido.
Um livro inimitável que recebeu o prémio Costa (antigo Whitebread) na categoria de Biografia. Imperdível.


2 - O Colecionador de Mundos, de Ilija Trojanow (Arkheion)

Richard Burton (o explorador, não o actor) é uma das figuras que sempre me fascinaram. Um filho de uma época que tudo fez para nela não se incluir, para fugir aos espartilhos de uma sociedade victoriana que impelia quem não quisesse fazer parte dela a partir mundo fora escondendo-se nos cantos mais exóticos de um império onde o sol não se punha. Este é um retrato possível de Burton, literariamente magnífico, soberbamente investigado e construído.


3 - Sándor Márai, A Ilha (Dom Quixote)

Magnífico como todos os Márais. Um grande romance em mais uma tradução excelente da Piroska Felkai.


4 - Fernando Pessoa, Prosa de Álvaro de Campos (Ática)

Um dos livros do ano a nível mundial numa edição impecável. Parabéns a esta nova Ática e à equipa comandada pelo Jerónimo Pizarro.


5 - George Steiner, A poesia do pensamento (Relógio D'Água)

Mais um Steiner de perder o fôlego. Uma história das ideias e das palavras que lhes dão forma e da forma que essas palavras por vezes assumem.


6 - Jaroslav Hasek, O bom soldado Svejk (Tinta-da-China)

Depois de anos de apenas termos uma versão retalhada a machado, a versão integral de um dos clássicos europeus mais importantes com a vantagem de uma tradução do original feita pelo Lumir Nahodil. Este é um romance incontornável.


7 - António Barahona, Maçãs de Espelho (Língua Morta)

Provavelmente (outra vez) Barahona leva a distinção de livro do ano de poesia.

Mais livros do ano em breve...
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Escolhas do ano 2012

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Este blogue tem andado como o país, parado. Nada tem acontecido que mereça um destaque salvo livros, claro.

Assim e ao longo das próximas semanas, ao ritmo a que me for possível, irei afixar as minhas escolhas do ano. Um ano em que li menos novidades, que o orçamento foi bem mais contido.

São, como de costume, escolhas entre obras que ou li em português ou já tinha lido noutras línguas.

Até breve...
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