The winner takes it all

0 comentários segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Passos Coelho anunciou que espera através da sua plataforma digital que os portugueses dêem boas ideias para o país. Não é mal pensado. Ainda por cima se considerarmos a falta de ideias crónica de que manda.

Mas depois e para confirmar o diagnóstico de demência ao qual todos já chegámos relativamente à classe política vem a questão da forma como isto é organizado.

Vão ao site e divirtam-se.

Passo a explicar: qualquer pessoa (não há mal nenhum nisso) pode criar o seu movimento. A seguir cria uma página do facebook e quem tiver mais votos tem direito a (rufam os tambores) uma "audiência com o primeiro ministro de Portugal".

Passo a explicar melhor:

Primeiro coloquemos de lado a hipótese de o projecto vencedor ser uma palermada tipo "Luís Filipe Vieira para primeiro ministro". É o mais provavel vencedor mas enfim...

Consideremos então que os os projectos mais votados são importantes, são revolucionários e podem dar, efectivamente, mais valias ao país. O projecto vencedor é ouvido pelo primeiro-ministro.

Quer isto dizer várias coisas:
- se houver 40 projectos excepcionais - um poderá ser apresentado e defendido.
- se o projecto vencedor for ouvido, nada nos garante qualquer tipo de execussão prática.
- o Luís Filipe Vieira nunca será primeiro-ministro.

Meu deus - se se gasta o nosso dinheirinho para fazer plataformas digitais que se façam as coisas seriamente e com valores democráticos. Uma brincadeira destas é uma vergonha, mais uma vergonha...



 


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Esclarecimento

2 comentários segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Em virtude de uma série de situações que ultimamente se têm levantado relativas ao insulto do Editor Jorge Reis-Sá ao recém-falecido escritor Rui Costa, queria clarificar os seguintes pontos:

1.
Já não trabalho na Babel, por vontade dessa empresa, desde o começo de Outubro de 2011.

2.
No final de 2010, através do Ricardo Álvaro (consultor editorial), foi-me apresentado um romance original do escritor Rui Costa. Esse romance, no meu entender, era uma obra de grande qualidade que merecia publicação. Isso mesmo tive oportunidade de comunicar ao Rui com quem, depois de apresentado um plano editorial devidamente autorizado pela Direcção da Babel, foi assinado um contrato para futura publicação. Eu fui sempre o editor responsável pelo projecto.


3.
Por indicação dessa mesma Direcção esse e outros livros foram sendo adiados até ao momento da minha saída. Ao que sei o projecto foi entregue a outro editor da casa (que não o Director Editorial Jorge Reis-Sá).

4.
Desde a minha saída e depois de explicar a situação ao Rui não voltei a ter contacto com ele.


5.
Tive conhecimento das recentes afirmações do Director Editorial da Babel Jorge Reis-Sá e quero desde já demarcar-me publicamente da posição assumida por essa editora através do seu Director Editorial. Coloco-me à inteira disposição da família do Rui Costa para qualquer esclarecimento ou auxílio dentro do que são os meus conhecimentos relativos a esta situação.


6.
Considero os comentários de Jorge Reis-Sá como desumanos e e de uma violência extrema para com a família, amigos e sobretudo para o próprio Rui.


7.
Posso afirmar que a Babel tem uma política de comunicação rígida e que qualquer funcionário só está autorizado a fazer quaisquer declarações públicas sobre qualquer assunto relacionado com a editora, os seus autores, as suas políticas, etc. quando autorizado por uma direcção de comunicação.

8.
Jorge Reis-Sá sabia perfeitamente que o livro estava no programa editorial.
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Posso explicar tudo?

0 comentários sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Hoje estive a ouvir um pouco do debate na Assembleia da República sobre a questão dos transportes e senti-me iluminado. Queria partilhar convosco a razão de isto andar como anda.

Numa empresa em que trabalhei, chegou-se um dia à conclusão de que não havia dinheiro. Nunca passou pela cabeça de quem geria tal projecto que a gestão fosse inadequada - apesar desses gestores não saberem nada sobre a área da empresa que tinham sido convidados para gerir - a culpa era da crise.

Qualquer das pessoas que, como eu, andam cá já uns aninhos nas lides da área em que operava essa empresa percebiam que a gestão era inadequada ao negócio e às suas muito específicas circunstâncias e singularidades.

Como é um sector em crise crónica (não se esqueçam de ir fazendo paralelismos com o que se passa na governação de Portugal - e não só deste governo mas dos vários governos ao longo de anos e anos), achou o patrão que aquilo que faltava ao sector eram gestores.

E assim foi, chegados os gestores a um negócio que estava em processo de falência por todo o seu modelo ter sido pensado por quem nada sabia do sector (gestores também aconselhados por uma das pessoas com pior reputação na área - coisa que esses gestores nem se preocuparam em apurar), não conhecendo portanto o público-alvo/cliente e as suas necessidades e muito menos tendo conhecimentos que lhes permitissem avaliar a eficácia dos seus subalternos uma vez que não é posível avaliar sem se ter o conhecimento superior daquilo que se avalia, não conhecendo processos e muito menos percebendo a mecânica comercial do sector. Foi assim, dizia, que passados alguns meses os gestores comunicaram a sua solução para os problemas graves.

Primeiro chegou um e-mail que falava na redução de custos necessária: iria deixar de haver fruta na copa e pedia-se a maior cotenção possível na impressão de fotocópias e documentos. Com essas e outras medidas conseguiam reduzir imenso os custos. A seguir vieram os despedimentos.

Hoje na AR falava-se dos cortes de carreiras, linhas ferroviárias, percursos de barco e outros que vão impedir uma faixa da população de se deslocar e cortar, portanto, o acesso a educação ou saúde; cria-se uma situação complexa a quem não tem outro meio de deslocação para chegar ao seu local de trabalho; isolam-se algumas povoações, ostracizam-se outras votando-as ao degredo social e com tudo isso poupam-se cerca de 20 milhões de Euros ao ano em empresas que têm dívidas de milhares de milhões.

Meus amigos, como é que alguém espera ou pode esperar medidas concretas e "boas" por parte dos governantes quando estes nada sabem das áreas sobre as quais decidem e muito menos ouvem quem sabe?

Estou farto de dizer que só há uma maneira de se resolverem os problemas do país: os políticos portugueses deveriam ser absolutamente obrigados a usar o serviço nacional de saúde, os transportes públicos, os seus filhos deveriam estar em escolas públicas... se isto acontecesse estas pessoas poderiam ter intervenções úteis.


Não precisamos de responsabilizar criminalmente os políticos. Precisamos de os por ao nosso nível para que eles percebam os problemas de quem está abaixo do palanque.
Somos uma sociedade hipócrita em que quem manda grita mais alto. Quem manda vive rodeado de yespeople que ausculta os especialistas nas diversas áreas, mas depois verifica-se que esses especialistas afinal não são especialistas e sim pessoas que estão à frente de empresas e instituições por nomeação política. Ninguém sabe de nada, mas decidem sobre tudo. E fazem-no porque não os afecta directamente.



p.s. ouvido hoje numa paragem de autocarro: 

- Opá o Catroga agora é que deve tar arrependido de se ter metido na política que bastava o passado dele nas grandes empresas para justificar que esteja na EDP e não dar azo a estas bocas...
- Hummm... mas se não se tivesse metido na política provavelmente nnca teria construído o passado que lhe permitiu estar hoje onde está.
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Schettino e un cretino!

0 comentários quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Depois das recentes notícias que revelam que o comandante do cruzeiro afundado estava com uma loira moldava, alta, de 25 anos, chamada Dominika, que não consta das listas de passageiros e tripulação e que terá caído no mesmo bote juntamente com o Comandante e o seu Imediato; começam a revelar-se cada vez mais factos sobre a vida de Francesco Schettino.

Vídeos gravados por tripulantes explicam o árduo dia-a-dia do Comandante e dos tripulantes bem como das convidadas. Aqui está um desses vídeos revelados em primeira mão:
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Estes são, efectivamente, os dias do Fim...

0 comentários quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
Com os meus horários desorganizados de português desempregado, cheguei há pouco a casa e, enquanto comia, liguei a televisão (coisa rara). Antes de ter capacidade de reacção e perceber que estava ante o programa do Dr. Phil, fiquei a saber que há um tipo nos Estados Unidos que tem um negócio online em que as pessoas lhe pagam para fazer telefonemas e romper relações, dar más notícias ou mesmo pedir o divórcio.

Conjugando esta informação com o facto de hoje de manhã, pela primeira vez em 35 anos de vida (e a experiência conjugada de milhões de seres humanos), ter deixado cair uma torrada e esta tombado com o lado barrado com manteiga para cima, é de concluir que estamos efectivamente próximos do fim do mundo.
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Livros do Ano 2011

0 comentários quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
O ano viu a crise apertar. A meio dele escrevi um texto em que perguntava se nos aproximavamos do fim da edição tal como a conhecemos. Continuo a achar que sim caso não sejam tomadas medidas sérias pensadas e conhecedoras.

Contudo, a nível editorial propriamente dito, este ano, ainda mais que os dois anos anteriores, viram a qualidade das escolhas a esmerar-se. Infelizmente - e cada vez mais - desacompanhada da qualidade das traduções

Não estive tão atento ao ano editorial devido às flutuações do meu próprio momento profissional portanto as escolhas que faço são feitas com base em notas que fui tomando, certamente incompletas. Mas não são as escolhas anuais de qualquer pessoa, mesmo um crítico, limitadas? - incapaz que é de ler tudo e estar a par de tudo? Pelo meu lado, ainda assim, admito ter estado menos atento que em anos anteriores.

Assim e desde já, sem qualquer ordem de preferência:

1 - Memória do fogo (vol.1), de Eduardo Galleano (Livros de Areia)

2 - Poesia completa, de Manoel de Barros (Caminho)

3 - Ferdydurke, de Witold Gombrowicz (7 nós)

4 - Viver no Fim dos Tempos, de Slavoj Zizek (Relógio d'Água)

5 - Prosas Apátridas, de Julio Ramon Ribeyro (Ahab)

6 - Madrugada na tua alma, de Gabriel Magalhães (Aletheia)

7 - A História Não Acabou, de Cláudio Magris (Quetzal)

8 - Canções Mexicanas, de Gonçalo M. Tavares (Caminho)

9 - Puta Que os Pariu! A Biografia de Luiz Pacheco, de João Pedro George (Tinta da China)

10 - O Mundo de S J Perelman, de S.J. Perelman (Tinta da China)

11 - Caminhar no Gelo, de Werner Herzog (Tinta da China)

12 - Argumentos Para Filmes, de Fernando Pessoa (Ática)

13 - América, América, de Jorge de Sena (Guimarães Editores)

14 - Vieram como andorinhas, de William Maxwell (Sextante)

15 - A verdadeira história do bandido Maximiliano, de Jacinto Rego de Almeida (Sextante)

16 - A Escavação, de Andrei Platónov (Antígona)

17 - A Livraria, de Penelope Fitzgerald (Clube do Autor)

18 - Pornopopeia, de Reinaldo Moraes (Quetzal) 

19 - Purga, de Sofi Oksanen (Alfaguara)

20 - Ondina, de La Motte-Fouqué (Antígona)

21 - Contos Completos (1947-1992), de Gabriel García Márquez (Dom Quixote)

22 - Garman & Worse, de Alexander Kielland (Eucleia)

23 - Os Buddenbrook, de Thomas Mann (Dom Quixote)

24 - O Chalet da Memória, Tony Judt (Edições 70)

25 - O Sentido do Fim, Julian Barnes (Quetzal)

26 - A Viagem de Felícia, William Trevor (Relógio d'Água)

27 - Amor e Verão, de William Trevor (Relógio d'Água)

28 - Lérias, de Miguel Martins (Averno)

29 - A arte de chorar em coro, de Erling Jepsen (Eucleia)

30 - Identidade e conflito, de Fernando Esteves Pinto (Lua de Marfim) - igualmente vencedor da pior capa do ano

31 - A Magia dos Números, de Yoko Ogawa (Quetzal)

32 - Memórias de um morto, Hjalmar Bergman (Eucleia)
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De stagnatio

0 comentários segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Que raio de país em que vivemos. Neste momento dividimo-nos entre quem não tem dinheiro (uma grande maor parte) e quem, tendo, está com medo e não se decide.

Incomoda-me esta letargia. Incomoda-me o facto de um páis que viveu acima das suas possibilidades mas que não sabe lidar com dificuldades. Um devedor, por mais idónea pessoa que seja, perde os seus valores morais quando confrontado com um credor. Assim, de um momento para o outro.

Esta é a altura para quem tem valor se unir a quem tem valor, para que as associações profissionais saiam da sua letargia de meros apoiantes e definam estratégias comuns de desenvolvimento.
Que problema é este que temos com responsabilidades? Tomemos decisões. Este é o momento!


Se não querem avançar então passem as responsabilidades. Referencemos já a venda do país, assim por todo, à China ou ao Brasil enquanto estes ainda se iludem sobre nós.

As crises sempre foram momentos de grande oportunidade para quem tem olho mas parece que andamos todos a olhar para o nosso umbigo.

Um amigo meu há uns anos defendia que os nossos exploradores, corajosos e audazes, os nossos colonos, os emigrantes... todos tinham partido e quem quem cá ficou eram descendentes do velho do Restelo.

Que problema é este que temos com responsabilidades? Tomemos decisões. Este é o momento!


Se não querem avançar então passem as responsabilidades. Referencemos já a venda do país, assim por todo, à China ou ao Brasil enquanto estes ainda se iludem sobre nós.


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Da sabedoria popular e da intuição popular

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Ontem num combóio da linha de Cascais, diálogo entre um português e um estrangieiro de língua oficial portuguesa:
TUGA - É como nós dizemos por cá: é tudo p'a dourar a pila.
OUTRO - Qué isso?
TUGA - Pá, tipo é quando combinas cos amigos e eles dizem às namoradas, amigas da gaja que queres engatar, que tu tens uma pila de 30 centímetros. Tás a ver?
OUTRO - Ah.
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